Bruno Militão é o único atleta a defender as cores de Portugal este ano nos Nobull CrossFit Games, nos Estados Unidos. Em 4º a nível mundial no grupo 40-44 anos, é também um dos teus Head Coach e proprietário da CrossFit Alvalade. Junta-te a ele ao longo destes três meses e descobre nesta primeira parte como foi até aqui e como se vai preparar até à primeira semana de agosto.

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Qual a sensação de ser o único português a ir aos Games?

É um privilégio e um orgulho enorme poder estar no maior evento de Crossfit a nível mundial, os CrossFit Games, e poder representar a nossa bandeira e o nosso país. Por outro lado, há uma enorme realização pessoal. Foi uma luta muito grande para poder chegar aqui, com uma história cheia de diversidades e percalços e espero servir de inspiração. Aliás, uma das coisas que me faz e me fez continuar a competir é continuar a inspirar pessoas e a fazer a modalidade crescer em Portugal como sempre fiz até aqui.

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É difícil nesta fase de qualificação estar a competir “sozinho”?

Sim, é um modelo competitivo diferente, contudo temos de nos adaptar depressa. Sempre preferi o presencial, a arena, o público, o espetáculo, os adversários, as estratégias, o próprio jogo que se faz desde o aquecimento… tudo! Os olhares, a sensação… é tudo completamente diferente do que competir online. Competir à distância, por vezes, até parece mais difícil, porque não vemos o nosso adversário, logo não podemos gerir nem adaptar algumas coisas de acordo com o que vai acontecendo no workout.

Por exemplo, nunca sabemos se vamos demasiado rápido ou demasiado devagar. A estratégia tem de ser muito bem preparada. Temos de nos conhecer muito bem e a semana de competição muitas vezes fica muito longa, até mais longa que no presencial, por um lado porque sabemos o que vai sair uns dias antes, mas não podemos filmar, por outro porque para ter a validação dos resultados, também demora um pouco. 

Como foi a recuperação entre as qualificações?

Até ao Open estava tudo OK, sentia-me muito bem. Mas no início do Open, a primeira qualificação, comecei a sentir dores na perna esquerda. Em alguns wod’s acabei por ter de abdicar de uma melhor performance para simplesmente não piorar a lesão. Depois entre o Open e os quartos de final acabei por ter 6 a 7 semanas e foi aí que tentei melhorar.

Contudo, houve altos e baixos, até porque não consegui perceber realmente o que era e acabei por perder um pouco de confiança. Para ser sincero, não estava a seguir o plano que queria, tive de adaptar bastantes coisas no treino e acabei por fazer os quartos de finais sem estar 100% convicto. Mas consegui um bom lugar de apuramento, entre os 30 fiquei em 9º lugar, no entanto voltei a magoar-me na perna. Entre os quartos de final e as semifinais, tive de gerir a lesão anterior e esta. Mais uma vez acabei por ter 4 semanas em que tive de adaptar todo o plano que tinha, porque o objetivo era chegar aos quartos de final, semifinais e estar no meu pico de forma. 

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Sentes que a alimentação te tem ajudado na preparação?

Sim, claro. Todos sabemos que o treino é uma parte, mas que a alimentação e a recuperação são essenciais. A estratégia de preparação para os Games passou também por uma alimentação mais limpa.

Apesar de ser acompanhado por uma nutricionista e de a minha comida ser toda preparada em detalhe, a nível de suplementação comecei a olhar mais para os ingredientes e a preferir soluções com menos aditivos, mais naturais, focada não só na performance, mas também no treino.